Fra(n)camente
Sou fra(n)ca: reconheço minha fra(*)queza.
Tenho interrogações e exclamações de toda ordem dentre de mim e, para me manter em condições socialmente aceitáveis, adotei prioridades, valores e métodos para a convivência social que acalmam o turbilhão de dúvidas, palavrões e atos inconsequentes.
Criei meu (im)próprio sistema normativo para me manter razoavelmente livre na civilização atual; normas que me são convenientes e que ditam a minha conduta, a fim de que esta possa conversar polidamente com as (in)conveniências (a)sociais.
Pareço forte, apesar de (in)delicada. Mas sou fra*ca, apesar de determinada e (ir)racional.
Não me preocupo se me agridem; não deixo de dormir se blasfemam contra mim. Mas me sinto devassa(da) quando eu tropeço no meu próprio pé, quando não enxergo a porta de vidro e esborracho meu nariz nela, quando planejo a festa e todos justificam a sua ausência.
A problemática aponta para o ato de eu me enganar. A mim mesma myself reiteradamente à minha pessoa.
Caio no chão (se ali não estiver) e choro uma agonia que surge do universo dentro do meu peito; explodo de raiva e não me enxergo mais – perco-me. Deixo-me de lado por conta da decepção que me impingi: não vi além, não esperei mais um pouco, não li nas entrelinhas, não li históricos, não procurei saber. Omiti-me da verdade e me vesti de ilusão do “pode ser dessa vez”. Não duvidei o suficiente...
Perco-me e me perco de todos. Sinto-me envergonhada pela minha fra*queza e esmorecida pela dureza do que sofro. Embora, no entanto, socialmente bem enquadrada, sou internamente uma negativa caótica quando minha harmonia perde o compasso e se transforma em uma (sin)tonia (des)afinada e (des)alinhada.
Minhas determinações permanecem, externamente, enquanto todos olham. Aqui, no entanto, volvem-se aqueles questionamentos malcriados que condicionam os atos seguintes e me levam ao outro canto da sala. E lá choro mais um pouco, descascando o ranço em minha pele, torcendo para que as cicatrizes permaneçam para que elas me ajudem a lembrar de duvidar mais um pouco. Seco as lágrimas do chão, recolho e queimo as cascas, sorrio com o calor do tremular do fogo, assopro as cinzas e derrubo as paredes do canto. O que há ali fora com esse (novo) ponto de vista?
Cansa, dói, exaure, quase extingue. Penso que, por isso, sinto-me fra*ca. Penso que, por isso, me deveria exigir menos... na proporção da minha fra*queza.
É a primeira vez que eu escrevo um texto antes de um fatídico acontecimento :~
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