terça-feira, 11 de maio de 2010

Sobre o amor...

Escrevendo agora atendendo a pedidos de alguns que parecem ansiosos para ler o próximo post... Não esperava por isso...

Há algum tempo escrevi, ou melhor, transcrevi um trecho do livro "Fragmentos de um discurso amoroso" do Roland Barthes, e pensando um pouco nestes últimos dias, vou tentar fazer uma breve análise daquele fragmento postado.
Barthes diz que uma vez proferida a declaração "Eu-te-amo" ela perde o sentido, não quer dizer mais nada. Da mesma forma que não existe uma resposta ideal para o "Eu-te-amo". Isto porque, o "eu também" apresenta uma carência na forma o que seria uma declaração incompleta. Logo, para haver uma reciprocidade equitativa, digamos assim, seria necessário que o "Eu-te-amo" fosse proferido ao mesmo tempo pelos enamorados; fato este praticamente impossível.
Essa possibilidade, remota, exigiria uma afinidade muito intensa, que só é possível após muito tempo de convivência, após muitos "eu-te-amo"s, quando tal declaração já perdeu o sentido. O "eu-te-amo" proferido simultaneamente seria a confirmação de um amor existente em igual intensidade pelos enamorados, o que seria, praticamente, impossível.
Na teoria, seria o amor perfeito, mas na prática, por óbvio, a perfeição não existe. Assim, num relacionamento amoroso, sempre um dos enamorados vai amar mais do que ser amado. E isso não há como evitar, até porque cada um tem a sua maneira de expressar seus sentimentos, e de controlá-los. Logo o que parece, pode não ser a realidade. O amor que realmente é sentido por uma pessoa pode não ser nunca devidamente expressado.
Creio que a intensidade do amor está intimamente ligada com outros conceitos que os enamorados têm um do outro. Se, há muito, já existe uma amizade, com uma grande admiração de um pelo outro, esse sentimento, caso se torne amor, irá resultar em uma sensação muito intensa.
Logo, o amor perfeito seria aquele em que os enamorados tivessem a mesma intensidade de sentimento, o que é absolutamente impossível no plano da realidade.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Ainda sobre amizades

Continuando o tema de ontem, porque o ponto final nunca é final... depois dele se colocam mais dois e o assunto nunca acaba.
Ainda no que se refere a bons amigos, penso que cada um de nós estabelece os pré-requisitos que seus amigos devem ter. Estes são sempre parecidos: afinidade, confiança, sinceridade, dentre outros muitos. Mas, penso que um desses, que está ligado aos outros, é essencial: a sinceridade. É impossível existir uma amizade verdadeira sem que exista essa sinceridade. E tal característica tem que ser absoluta. Não se pode pensar, em relação a um amigo: "não vou lhe falar tal coisa, porque ele ficará bravo comigo". Se for um amigo de verdade, não vai ficar bravo; vai entender a crítica, assimilá-la e lhe agradecer. Penso que quando somos amigos de alguém, a sinceridade não pode faltar nunca. Sei que tenho um conceito meio radical, com pré-requisitos rígidos no que tange a amizade, e algumas pessoas já tentaram flexibilizar este conceito. E isso veio com a mentira. A mentira de que estão sendo sinceros, quando sabemos que não o estão. Lógico que, se a pessoa tem a afinidade necessária para ser amigo, conseguimos perceber se lhe falta a sinceridade... Logo, não existe amizade, mas começa um jogo, uma brincadeira de faz-de-conta. Por óbvio que é um jogo que deve ser jogado com muito cuidado, uma vez que não se conhece as jogadas do outro participante. O mais complicado neste jogo é quando o nosso inconsciente quer a amizade de uma pessoa que sabemos que não está sendo sincera conosco. E, nem sempre, é fácil a razão sobrepor-se a emoção para tomar a distância necessária para que este "amigo" seja apenas mais um conhecido, e não mais um amigo. Porque amigo é coisa pra se guardar debaixo de sete chaves e dentro do coração. Penso que, por estas razões, consigo contar os meus amigos nos dedos das mãos (e ainda sobra dedo)...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Amizades

Há pouco tempo conheci a banda gaúcha chamada “Pouca Vogal” e após fazer o download de várias músicas, uma delas me chamou particularmente a atenção. Trata-se da música “Tententender”, cujo clip postei há alguns dias. Essa música me fez lembrar alguns eventos sucedidos em um passado não muito distante. Certa pessoa disse que comigo desejava uma amizade apenas. Concordei, porque, afinal, sempre é bom ter um amigo. Mas, devido a um conceito complexo de amizade que possuo há muito, tenho poucos e raros amigos. Amigos de verdade são aqueles que ouvem sobre qualquer coisa, à qualquer hora. São aqueles que dizem “estou aqui” quando você precisa de um ombro para chorar, desabafar ou simplesmente para conversar e “trocar uma ideia”. Amigo de verdade não diz “somos amigos, mas eu aqui e você aí”. Seremos amigos tão somente através da internet e do telefone? Isso não é amizade. Jamais será. Tenho conhecidos com quem falo apenas pela internet. Com os meus amigos de verdade eu falo pessoalmente, os encontro com certa freqüência e sei que a qualquer hora que eu precisar, qualquer um deles está a um telefonema de distância. Se uma pessoa que se diz amiga não quer ver tal pessoa, existem duas opções: ou não é amiga, ou tem um sentimento mal resolvido e, sabe-se lá porque tem medo de enfrentar a necessidade de tomar a decisão; ou, pior ainda, quer ter tudo, o que, por óbvio, é impossível. Essa confusão me causa uma certa revolta ou indignação, por assim dizer, que geralmente me faria querer me afastar de uma “amiga” assim. Mas, ao contrário, penso que essa pessoa precisa de ajuda para resolver seus sentimentos. Na verdade, não sei que tipo de ajuda, não sei como ajudar, mas sinto que preciso. Talvez enquanto não souber seja melhor ficar afastado. De qualquer forma, ela sabe onde encontrar um amigo. Ou, pelo menos, espero que saiba.