Escrevendo agora atendendo a pedidos de alguns que parecem ansiosos para ler o próximo post... Não esperava por isso...
Há algum tempo escrevi, ou melhor, transcrevi um trecho do livro "Fragmentos de um discurso amoroso" do Roland Barthes, e pensando um pouco nestes últimos dias, vou tentar fazer uma breve análise daquele fragmento postado.
Barthes diz que uma vez proferida a declaração "Eu-te-amo" ela perde o sentido, não quer dizer mais nada. Da mesma forma que não existe uma resposta ideal para o "Eu-te-amo". Isto porque, o "eu também" apresenta uma carência na forma o que seria uma declaração incompleta. Logo, para haver uma reciprocidade equitativa, digamos assim, seria necessário que o "Eu-te-amo" fosse proferido ao mesmo tempo pelos enamorados; fato este praticamente impossível.
Essa possibilidade, remota, exigiria uma afinidade muito intensa, que só é possível após muito tempo de convivência, após muitos "eu-te-amo"s, quando tal declaração já perdeu o sentido. O "eu-te-amo" proferido simultaneamente seria a confirmação de um amor existente em igual intensidade pelos enamorados, o que seria, praticamente, impossível.
Na teoria, seria o amor perfeito, mas na prática, por óbvio, a perfeição não existe. Assim, num relacionamento amoroso, sempre um dos enamorados vai amar mais do que ser amado. E isso não há como evitar, até porque cada um tem a sua maneira de expressar seus sentimentos, e de controlá-los. Logo o que parece, pode não ser a realidade. O amor que realmente é sentido por uma pessoa pode não ser nunca devidamente expressado.
Creio que a intensidade do amor está intimamente ligada com outros conceitos que os enamorados têm um do outro. Se, há muito, já existe uma amizade, com uma grande admiração de um pelo outro, esse sentimento, caso se torne amor, irá resultar em uma sensação muito intensa.
Logo, o amor perfeito seria aquele em que os enamorados tivessem a mesma intensidade de sentimento, o que é absolutamente impossível no plano da realidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário